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1 - Nascemos todos para ser filhos de Deus. Esta “altíssima”, “sublime”, “divina” vocação (cf. GS 3.13), pela qual “Deus chamou o homem para que ele, com sua natureza inteira, una-se a Deus na comunhão perpetua da incorruptível vida divina” (GS 18) “como filho”, participando da sua própria felicidade (cd GS 21), é algo que “marca” a natureza do homem. Com efeito, Deus Criador, ao tomar o barro da terra, não quis “modelar” uma simples criatura, mas um filho, feito à sua imagem e semelhança. Quis e realizou e a esta criatura-filho, formada do barro da terra, Deus deu o nome de Adão, isto é, homem (cf. Gen 1,26; 2,7; 5,1-2). Como ele seriam todos os seus descendentes (cf. Gen 1,27 ss; Sl 8; Ecl 17, 1-11). Segundo os planos de Deus, de seu infinito amor, todos os descendentes de Adão seriam constituídos filhos de Deus em virtude da natureza recebida dele, elevada, como é óbvio, a instrumento de tamanha capacidade não por uma qualidade natural, mas por uma disposição de essencial transcendência do amor de Deus.
2 - Segundo este contexto original da Criação, esclarecido pela luz da fé, o ser homem identifica-se com o ser filho de Deus. Esta é a real definição do homem, pois corresponde a quanto Deus “pensou” ao modelá-lo segundo o seu protótipo, o Filho Unigênito, o Verbo de Deus, na sua encarnação no seio da Virgem Maria, mistério que haveria de se realizar no fim dos tempos: JESUS CRISTO. “Adão, o primeiro homem, era figura daquele que haveria de vir, isto é, do Cristo Senhor”, assim ensina a Igreja (GS 22).
3 - O homem, porem, perdeu esta sua identidade, não aceitando esta sua “definição”; quis ser mais do que filho de Deus: por este pecado, cometido já no inicio de sua história, ele “destruiu a devida ordem em relação” a Deus como seu princípio e fim e “ao mesmo tempo, toda a harmonia consigo mesmo, com os outros homens e as coisas criadas” (GS 13; cf. Gn 3,1-19)
4 - Transtornou-se completamente. “Está dividido em si mesmo”. Agora “toda a vida humana individual e coletiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre luz e as trevas”. “Bem mais ainda, o homem se encontra incapaz, por si mesmo, de debelar eficazmente os ataques do mal; e assim cada um se sente como que carregado de cadeias” (GS13)
5 - Define-se de mil modos, e com isso só vai acrescentando fracassos sobre fracassos, frustrando seus mais legítimos anseios de imortalidade de paz, de verdade e de amor. Não aceita sua verdadeira definição. Não a reconhece por legitima mas a tem conta de alucinante ou alienante, quando a fé, pela Igreja, lha propõe como insubstituível, “fonte” única e fecunda de toda a felicidade. Sem dúvida alguma, seus incessantes e ingentes esforços pela sua sobrevivência e desenvolvimento levam-no à visão clara de seus inalienáveis direitos e correspondentes deveres, mas não lhe bastam. Esclarecem-lhe a inteligência mas não lhe movem a vontade! (cf. GS 10).
6 - Se o pecado de Adão, atingindo a natureza humana, fez com que todos os homens nasçam em “estado de pecado” (cf. GS 13), a saber, destituídos da “realidade” de filhos de Deus, não, porém, os despojou da “vocação” para filhos de Deus. Deus, no seu infinito amor, continuou fiel a si mesmo: “Já desde sua origem o homem é convidado para o dialogo com Deus. Pois o homem, se existe, é somente porque Deus o criou e isto por amor. Por amor é sempre conservado. E não vive plenamente segundo a verdade, a não ser que se reconheça livremente aquele amor e se entregue no seu Criador” (GS 19).
7 - Apesar de nascermos todos em “estado de pecado”, a nossa natureza está marcada pela vocação transcendente para filho de Deus, pois foi nesta “realidade” que Deus “pensou” e criou o homem: nos eternos desígnios de Deus a “realidade” do homem é a de filho de Deus: é por esta transcendente relação de filho de Deus que o homem deve definir-se: esta é a sua única e verdadeira identidade: Nascemos “fora” dessa realidade, mas estamos “marcados” indelevelmente pela vocação para ela. Ela assinala o valor dos valores humanos, dá ao homem a medida exata de todas as suas dimensões: “A razão principal da dignidade humana consiste na vocação do homem para a comunhão com Deus” (GS 19) “como filho” (GS 21).
8 -A felicidade do homem está em responder a essa “altíssima” vocação, realizando-se como filho de Deus, o que equivale a tornar-se homem, como Deus o fez. Sua desgraça, em rejeitá-la!
9 -Debalde tentará construir sua felicidade sobre outras bases, firmando-se em outras definições de si mesmo. Enganam-no os que lhe sugerem outro contexto da realidade humana, para a sua libertação, defesa de seus direitos, promoção de sua cultura, da ordem social, política, até mesmo religiosa, excluindo ou ignorando sua definição de filho de Deus.
10- Por estrita consequência de fé, solidamente firmada na Palavra de Deus, como no-la transmite a Igreja no seu mais recente ato do seu magistério infalível, o Concílio Ecumênico do Vaticano II (cf GS nn 1-45), é em CRISTO e só NELE que o homem de hoje, como o de todos os tempos, encontrará resposta plena a todos os seus problemas humanos, a todos os seus mais legítimos anseios.
11 - Ele é o Filho Unigênito de Deus, feito homem no seio da Virgem Maria, o ÚNICO que pode “refazer” o homem, restituir-lhe a identidade perdida, fazendo-o “nascer de novo”, tornando-o filho de Deus (cf. Jo 1,12; 3,1-21).
12 - CRISTO, ensina o Concílio, “manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre a sua altíssima vocação” (GS 22). “Imagem de Deus invisível, Ele é o homem perfeito, que restituiu aos filhos de Adão a semelhança divina deformada desde o primeiro pecado”(GS 22). “Veio para libertar e confortar o homem, renovando-o interiormente. Expulsou o ‘príncipe deste mundo’ (Jo 12,31), retinha o homem na escravidão do pecado” (GS 13). “Deus chamou e chama o homem para que ele, com sua natureza inteira, una-se a Deus na comunhão perpétua da incorruptível vida divina. CRISTO conseguiu esta vitória por sua morte, libertando o homem da morte e ressuscitando para a vida”(GS 18). “Como homem perfeito entrou na historia do mundo, assumindo em si mesmo e em si recapitulando todas as coisas” (GS 38). “Todo aquele que segue Cristo, o homem perfeito, torna-se ele também mais homem” (GS 41).
13 -O VERBO DE DEUS “
se encarnou, de tal modo que, como homem perfeito, salvasse todos os homens e recapitulasse todas as coisas. O Senhor é o fim da história humana, ponto ao qual convergem as aspirações da história e da civilização, centro da humanidade, alegria de todos os corações e plenitude de todos os seus desejos” (GS 45).
14 -
“Tal
e tamanho é o mistério do homem que pela Revelação cristã brilha para os fiéis.
Por CRISTO e em CRISTO, portanto, ilumina-se o enigma da dor e da morte, que
fora do Seu Evangelho nos esmaga. CRISTO RESSUSCITOU, com sua morte destruiu a
morte e concedeu-nos a vida, para que FILHOS NO FILHO, clamemos no Espírito:
ABBA, PAI! (GS 22).
† Gabriel Bueno Couto, O. C. -Bispo de Jundiaí