Os
fundamentos que nós estamos tratando e as questões periféricas são resolvidas
com a fidelidade a estas verdades fundamentais.
E,
mais tarde, em outros círculos, vão também ser esclarecidas outras questões que
surgem e o tempo de hoje não dá para responder as questões periféricas, mas são
de menor importância porque são simplesmente aplicações deste princípio: céu,
inferno; tudo são aplicações.
Inferno
é a vivência continuada de uma pessoa que não aceita o Filho de Deus. Se eu
estou já no buraco porque pequei, me desliguei de Deus, com o sofrimento da
morte, do pânico, da mentira e do ódio.
Para
sair disso eu tenho que encontrar o Filho de Deus e aderir a Ele.
Se
eu não encontrar ou não quiser eu continuo assim.
E
como eu sou imortal, o meu espírito continuará eternamente na morte, no pânico,
na mentira e no ódio.
Se
isto já é sofrimento aqui, pior será quando eu não tenho mais nenhuma
atenuação: aqui estou com uma dorzinha, tomo um anestésico.
Se
estou angustiado, vou passear um pouco.
Estou
envolvido em mentira, eu vou ver uma televisão que me torna um pouco uma
ilusão.
Mas,
quando não tiver mais recurso nenhum pra isso que diante do sofrimento, nu e
cru, com a minha realidade completamente empobrecida, isto é inferno.
Eu
mesmo que quero ficar nele.
Porque
eu tinha possibilidade, enquanto vivia, de dizer sim a Cristo; então, digo sim
a Ele acabou o inferno.
Eu
vivo do Filho de Deus, e vou viver o céu, que é a vida nele, completa, da
felicidade da imortalidade, da paz, da verdade, do amor, nas quatro dimensões,
isto é o céu. Que já começa aqui porque eu tenho certeza de que unindo-me a
Cristo eu sou feliz e posso continuar a ser até depois da minha morte.
Agora,
eu posso sentir o inferno já aqui; porque eu não quero Cristo.
Agora,
eu posso não querer o Cristo e substituí-Lo por outra coisa: pelo sexo, pelo
dinheiro, pelas profissões que me dão um paliativo, é um sucedâneo.
De
alguém que come depressa porque eles não tem muita coisa que comer. Então come
depressa engole tudo de uma vez já enche, né?
Então
ele toma lá a água com açúcar porque não uísque, então ele pinga uma gota de uísque
e fica bebendo uísque, isto é, água com açúcar, ele se ilude.
Agora,
o dia que se desfizerem as ilusões ele vai ver como ele é; agora, se antes destas
desilusões ele voltar e recuperar de novo, aí ele volta: acabou o inferno pra
ele.
Mas
se ele continuar assim e vem o desenlace último, ele continua como estava: se
estava na fria, continua na fria, se estava na fossa continua na fossa; e isso
é horrível porque não tem mais fim, percebe?
O
inferno não é um lugar onde vai andando e depois...bum! Cai no buraco, não!
Percebe?
Agora,
o inferno da pessoa que adere ao pecado que já está porque não aceita o Cristo
- não é não aquele aceitar de um momento, porque depois ele recupera – tem
confissão pra isso.
Mas
a pessoa que não aceita mesmo e continua não aceitando – ele não caminha; vai bebendo
um trago aqui, um botequim lá, um sexo aqui, um passeio lá... e vai enchendo a
sua vida. Então vai se apoiando e vai vivendo como ele diz: eu sou suficiente,
porque eu preciso de Cristo?
Mas
no dia em que rasgar os véus da vida temporal ele vai ver que não sobra mais
nada. Aí não tem mais salvação. Percebe?
Não
vamos exagerar o inferno no sentido de pensar que é uma coisa diferente, no
sentido de que não tem nenhuma ligação com minha vida.
Não!
Não é esse inferno em que ainda há uma atenuação, mas aquela verdade da minha
irrealidade vista de cara sem mais possibilidade de tirar os olhos disto.
Aí
está! Como a felicidade do céu, nós
podemos já viver aqui – na adesão ao Cristo – que pode acontecer que um membro
daqui dê uns trambolhões, mas Cristo me deixou também um recurso para retomar a
minha realidade que é a minha confissão que torna a viver a vida de Filho de Deus.
Isto, portanto, fica dito para atenuar alguma coisa que pode acontecer.
Mas,
são questões que, por assim dizer, que não vamos perder nela, porque então
vamos preocupar com o acidental esquecendo este que é fundamental.
Vocês
percebem que na nossa vida, muitas vezes, nós ficamos preocupados com a
periferia e o eixo desaparece. Então, não estamos no carro certo.
Então
vamos deixar as considerações periféricas de verdades formidáveis; mas, todas
elas: inferno, céu, tudo que existe de dogma, é feito para eu encontrar meu
Cristo e viver dele. O inferno não é para dizer: você vai!
Inferno
é para dizer: olha rapaz! Adia o meu fim? Aceite! Porque se você não aceitar
você vai sofrer. Percebem?
O
inferno é uma admoestação do amor de Deus.
O
amor de Deus que diz: Oi, gente! Não é por nada viver fora de mim; é duro!
Então, já aviso que existe uma coisa, um sofrimento eterno provocado pelo
abandono meu. Portanto, tomem cuidado.
Como
a mãe diz ao filho: Ó rapaz, tome cuidado ao andar na motocicleta; não guie como
você está guiando; vai dar uma trombada, vai morrer. Não é que a mãe está
mandando morrer, mandando dar trombada, né? Está avisando que existe esta
possibilidade.
Então
Deus revela esta miséria, não para nós cairmos nela e ficarmos com medo, mas,
para tomar cuidado e manter o positivo e crescer mais para viver mais de
Cristo. Percebem?
Como
diz Dante: O inferno é criado pelo eterno amor. Viu como somos frágeis, então
Deus põe esta verdade; eu poderia desconhecê-la, mas, seria um perigo para mim;
Ele a põe claramente para eu perceber que não é conveniente continuar naquele
caminho.
† Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, O.C - Servo de Deus