domingo, 25 de novembro de 2012

BISPO CARMELITA






Fez da sua vida uma oração, assim dizem as testemunhas de seu trabalho, porque Cristo era o centro em torno do qual sua vida girava.
Ele gostava especialmente do Sagrado Coração que se baseou desde a infância, mas ao mesmo tempo tinha uma profunda devoção à Imaculada Conceição.
Seu lema era, de fato, "Filho de teu servo".
Participou do Concílio Vaticano II, sentindo fortemente a necessidade de um ministério que não só civilizatório ou bem-estar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

AOS QUE VIVEM



Antes de sua morte, há poucos meses, o bispo dom Gabriel Paulino Bueno Couto deixou esta mensagem aos católicos de Jundiaí, refletindo sobre o Dia de Finados.

Por que o Dia de Finados? Sem dúvida, ninguém vai responder que o Dia de Finados é para a gente se lembrar dos mortos e ficar pensando e chorando de saudades. Sentir saudades dos nossos mortos é tão humano! Mas não é só para isso que em toda a parte se celebra o Dia de Finados,  os cemitérios regurgitam de gente... Chorar alivia os que ficam, mas não os que se foram.
Adornam-se os túmulos de flores: seu perfume, suas cores, traduzem os sentimentos de carinhoso amor com que alguém desejaria aquecer a laje, a terra fria, que recobre as cinzas de uma pessoa amada... Mas ela não está ali. De seu corpo ali depositado só resta um pouco de pó. Por acaso não ressoou insistente aos ouvidos de todos, no dia das Cinzas, a palavra de Deus: “Tu és pó e em pó te hás de tornar?”
Mas entre as flores que as lágrimas de saudades orvalham, brilha viva a chamazinha de uma, de duas, de muitas velas. As mesmas mãos que enxugaram lágrimas, que de flores adornaram os sepulcros, as acenderam. Choram seus mortos. À música de mimosas e coloridas flores embalam e fazem adormecer as saudades. A oração fervorosa pelos mortos dissipa, então, com o brilho suave de inúmeras velas, as sombras que pairam sobre as sepulturas, a fé ilumina a morte e a transfigura. Não disse, por acaso, Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda esteja morto, viverá”?
O homem nasce uma vez só aqui nesta terra. Nela vive um só período e encerra sua vida com a morte: “Está decretado aos homens que morram uma só vez, e que depois disso se siga o juízo”.
É palavra de Deus que existe o inferno, eternidade de tormentos, e o céu eternidade de felicidade.
Mas pode alguém morrer nem inteiramente mau, nem inteiramente justo: não morre, de fato, em estado de pecado mortal, mas está com sua alma ainda comprometida, em situação que contrasta com a santidade de Deus, diante de quem os anjos, espíritos puros, velam seus rostos e cantam: “Santo, santo, santo, é o Senhor dos exércitos”.
É por estes nosso irmãos, conhecidos ou desconhecidos, que os cristãos católicos fazem suas orações, participam das celebrações da Eucaristia (missa e comunhão), dão sua pequena ou grande contribuição para o alívio de seus irmãos pobres da terra. É, de fato, palavra de Deus: “É um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados”. Assim nos ensina nossa Santa Igreja que, aqui na terra, “desde os primórdios da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos”.
Nós que aqui vivemos, filhos de Deus, fazemos um família só, a família de Deus, com os que nos precederam na eternidade, já felizes na visão da face de Deus, no céu, ou ainda purificou-se no purgatório, de tudo o que os impede de contemplar a face de Deus”.
É em Cristo Jesus que nos sentimos unidos, nós aqui na terra, com os que morreram na graça de Deus. Para nós e para eles, o mesmo mandamento de Cristo: “Eu vos dou um novo mandamento que vos amei uns aos outros, assim como eu vos amei para que vós também mutuamente vos ameis”.
O nosso amor aos que estão no céu, é de louvor a Deus Pai pela glória e felicidade eterna, de que, em Cristo, os cumulou; aos que ainda padecem no purgatório, é de súplica a Deus Pai, para que, purificados pelo sangue de Cristo, sacie-lhes sem mais tardar a sede que os devora, de contemplar a sua face!
A Virgem Imaculada, Mãe de Deus, Maria, interceda por nós, peregrinos ainda neste vale de lágrimas, para que, perdoando-nos uns aos outros, vivamos de Deus em Cristo, e, em Cristo, amando-nos uns aos outros, vivamos a grande esperança da plenitude da glória de Filhos de Deus!

Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, O.C

Publicado no Jornal Jundiaí Hoje em 02/11/1982