GABRIEL PAULINO BUENO COUTO
GABRIEL PAULINO BUENO COUTO nasceu, aos 22 de junho de 1910, em Itu, SP., filho de Porsino Couto e Gabriela Bueno Couto. Realizou seus estudos primários no Grupo Escolar “Cesário Mota”, na cidade natal, manifestando, muito cedo, sua vocação religiosa. Seus estudos secundários aconteceram no Seminário Menor da Arquidiocese de São Paulo, em Bom Jesus de Pirapora, dirigido pelos Cônegos Premonstratenses, e no Seminário Mariano dos Padres Carmelitas, em Itu. Em 1928, entra para o Noviciado dos Padres Carmelitas da Antiga Observância. Sua profissão religiosa foi realizada em 30 de dezembro de 1928.
De 1929 a 1930, no Rio de Janeiro e em São Paulo, na Ordem do Carmo, realiza os estudos filosóficos, partindo, depois, para Roma, onde prossegue seus estudos filosóficos e teológicos, no Colégio Internacional “Santo Alberto”, dos Padres Carmelitas, laureando-se em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana e diplomando-se em Biblioteconomia pela Biblioteca Vaticana. Em 1931 emitiu os votos perpétuos na Ordem do Carmo e foi ordenado sacerdote, aos 9 de julho de 1933, em Roma.
Permaneceu na Europa durante dezesseis anos, tendo grande atuação no Colégio “Santo Alberto” (Roma), onde ocupou todos os encargos a Reitor, na década de 1940.
Então, experimentou os horrores da II Grande Guerra. Naqueles tempos, caminhava pelas ruas de Roma, indo a outras casas religiosas à procura de gêneros alimentícios, para que não faltasse um pouco de pão para seus irmãos e confrades de Colégio “Santo Alberto”. Nos últimos anos de Guerra, um dos seus confrades contraiu a tuberculose. Dom Gabriel ultrapassou todo temor que a “peste branca” poderia causar e colocou-se, como enfermeiro, a serviço de seu irmão doente, embora fosse um dos superiores da casa.
Eleito pelo Papa Pio XII, como Bispo titular de Leuce e Auxiliar da diocese de Jaboticabal, foi ordenado Bispo, em Roma. Sua ordenação episcopal deu-se a 15 de dezembro de 1946, em Roma, pelas mãos dos cardeais Raffaele Carlo Rossi, OCD, Luigi Traglia e de Dom Giuseppe D'Avack, regressando imediatamente para o Brasil.
Na Diocese de Jabotical, após intensos trabalhos conseguiu para a nossa Diocese a construção do Mosteiro “Flos Carmeli”.
Em 1951 foram iniciadas as obras para construção do mosteiro, e a inauguração aconteceu em Maio de 1952, e no mesmo dia as irmãs se mudaram para o novo mosteiro.
Transferido como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba, não pode assumir, pois manifestou-se a tuberculose, certamente adquirida no contágio com seu irmão enfermo, em Roma.
Transferido para São José dos Campos foi submetido a um longo tratamento e cirurgia toráxica, com a ablação de um inteiro pulmão. Nessa Cidade, permaneceu durante quase duas décadas, ocupando o cargo de Bispo Auxiliar de Taubaté onde, apesar das limitações físicas, teve edificante atuação, demonstrando a força de Deus na fragilidade humana.
Completamente restabelecido da tuberculose, as sequelas da enfermidade permaneceram, no entanto, jamais dominaram aquele que se colocou inteiramente a serviço da Igreja, anunciando a Boa Nova, com sua vida, suas palavras e seus escritos.
Por determinação do Santo Padre, Papa Paulo VI, em 1965, foi nomeado Bispo Auxiliar de S. Eminência, o Cardeal de São Paulo, Dom Agnelo Rossi. Foi, então, Capelão Geral da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Pároco da Paróquia Universitária “Coração Imaculado de Maria” (São Paulo), criada pelo Cardeal Rossi.
Em 1966, foi nomeado primeiro Bispo de Jundiaí, tomando posse em 05 de janeiro de 1967.
Foi administrador apostólico da Diocese de Bragança Paulista, de 1968 a 1971, período compreendido entre a enfermidade de Dom José Maurício da Rocha e a posse de Dom José Lafayette Ferreira Álvares.
Em 06 de janeiro de 1980 inaugurou o Seminário Maior da Diocese de Jundiaí.
Depois de um rápido resfriado, seu estado físico se agravou rápida e intensamente, culminando com sua internação, na UTI do Hospital das Clínicas “Dr. Paulo Sacramento”, em Jundiaí, onde após 12 dias, veio a falecer, às 4:30 horas, do dia 11 de março de 1982.
Os restos mortais de Dom Gabriel repousam na acolhedora Cripta da Igreja Catedral de Nossa Senhora do Desterro.
Uma das obras centrais de Dom Gabriel foi a formação da juventude, o Bispo fundou movimentos e possibilitou a integração de jovens em um processo de dignidade humana e espiritual, livrando-os de problemas sérios com o domínio das drogas e da promiscuidade.
Assuntos diversos, comentou e escreveu, Dom Gabriel, para a reflexão dos sacerdotes e leigos, tais como: “A Paróquia no ministério da Igreja de Cristo”; “O Católico Leigo e a Política”; “Adoração-Contemplação”, “Sou filho de Deus”; “Querer bem a Maria” e muitos outros comentários a respeito dos documentos pontifícios, demonstrando, assim, sua inquebrantável fidelidade e comunhão com o pensamento do Papa. Destacam-se, ainda, dois trabalhos seus, publicados, em forma de livro: “O Homem e a sua realização, roteiro da felicidade” e “O Sacerdote, o Matrimônio e a Família no mistério da Igreja de Cristo”.
Poliglota, conhecendo inclusive o holandês, era também artista plástico, tendo deixado diversos retratos da Face de Cristo, onde muitos encontram semelhanças com seu rosto abatido, recordando as palavras de São Paulo: “Não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
Preparando o início do processo de sua beatificação, os escritos de Dom Gabriel Paulino foram examinados por dois renomados teólogos brasileiros. Em seus Pareceres declaram não só a ortodoxia dos escritos e pregação do venerando Bispo mas, também, a originalidade de seu pensamento cristológico e eclesiológico. Constituído o Tribunal Eclesiástico Diocesano, para o processo de sua beatificação, foi enviado à Congregação da Causa dos Santos em outubro do ano 2000, aguardando a palavra definitiva da Sé Apostólica Romana. Seus restos mortais repousam na acolhedora Cripta da Igreja Catedral de Nossa Senhora do Desterro.
Em março de 2005, no Convento do Carmo em Itu, Dom Gil Antônio Moreira, Bispo Diocesano, atendendo solicitação do postulador, foi instalada a Comissão Histórica do processo de beatificação de dom Gabriel Paulino Bueno Couto, com a finalidade de reunir todos os documentos referentes à vida e obra de dom Gabriel.
A comissão ficou constituída da seguinte forma: Frei Tadeu Passos Camargo, presidente, Frei Clóvis Nascimento, vice-presidente, e Sr. Roberto Machado Carvalho, secretário. A primeira reunião da comissão teve o objetivo de trabalhar a elaboração do material a ser enviado a Roma em vista do andamento do processo.
De acordo com o Padre Paulo, Juiz Delegado da Causa, terminada a fase diocesana, o processo se encontra na chama fase romana, onde é analisado e estudado pelos especialistas da Congregação da Causa dos Santos.